Parceria com BEES Bank, da Ambev, vai disponibilizar empréstimos de até R$ 60 mil para até mil mulheres no setor, enquanto união com a ONG Gastromotiva vai oferecer cursos em todo o Brasil para profissionais da área
Crédito, formação e visibilidade: essas são as principais dificuldades enfrentadas pelas mulheres brasileiras no mercado da gastronomia. A constatação é de uma pesquisa nacional realizada por Stella Artois e Ipsos, que pela primeira vez analisou o mercado em profundidade para entender os desafios e as ambições dessas profissionais no setor. A cerveja da Ambev acaba de anunciar o projeto Juntas Na Mesa, que vai investir R$10 milhões nos três pilares mapeados na pesquisa para promover a equidade de gênero na gastronomia, aumentando o protagonismo das mulheres e fomentando o empreendedorismo feminino.
“Com Juntas Na Mesa, queremos mobilizar a sociedade em uma jornada com Stella Artois para brindarmos uma gastronomia com mais protagonismo feminino. Fizemos a pesquisa para conhecer a fundo as dores e desafios dessas mulheres no mercado da gastronomia e vamos atuar para propor uma mudança a essa realidade por meio de investimentos em visibilidade, formação e crédito para as mulheres que atuam nesse segmento. Nossa iniciativa é uma plataforma de transformação social de longo prazo, visando deixar um legado positivo na vida de milhares de mulheres, por muitas gerações”, destaca a diretora de marketing de Stella Artois, Mariana Porto.
A pesquisa mostrou que muitas profissionais que trabalham na gastronomia no Brasil sonham em ter o próprio negócio, mas encontram dificuldade na obtenção de crédito: cerca de uma em cada três mulheres afirma que empreender no setor custa mais caro em comparação aos homens. É por isso que, em parceria com o BEES Bank, fintech da Ambev que oferece soluções digitais para facilitar a vida financeira e potencializar a gestão de PMEs, Stella Artois vai trazer uma oferta de crédito para apoiar até 1.000 mulheres empreendedoras no setor da gastronomia no Brasil. Serão disponibilizados empréstimos de até R$ 60 mil reais por empreendedora, sujeitos à análise individual de crédito, com taxas e condições de parcelamento competitivas, atendendo a necessidades como expansão do negócio, fluxo de caixa e até estoque, que são algumas das questões que mais influenciam a busca por crédito. Além de ser exclusivo para mulheres, a vantagem do cadastro via Juntas na Mesa é que os pedidos terão prioridade na análise, com uma equipe da fintech dedicada exclusivamente a acelerar o processo.
A pesquisa realizada traz dados exclusivos da Região Sul (Curitiba – PR e Porto Alegre – RS, margem de erro 9,3 p.p). Entre os principais dados do levantamento, chamam a atenção os seguintes:
– 59% das mulheres entrevistadas concordam que entrar na profissão é bem mais difícil para uma mulher negra do que para uma mulher (12 pontos acima da média nacional);
– 65% das mulheres concordam que a cozinha doméstica é vista pela sociedade como um trabalho de mulher (15 pontos acima da média nacional);
– 62% das entrevistadas concordam que o trabalho na cozinha é mais desafiador para mulheres, dificultando a conciliação da vida profissional (mais de 15 pontos acima da média nacional);
– 44% das mulheres acreditam que os chefs LGBTQIAP+ recebem menos cobertura da mídia; (5 pontos percentuais acima da média nacional)
Quando o assunto é formação, quase metade das mulheres (45%) busca por algum tipo de profissionalização. Elas desejam adquirir mais conhecimento, mas esbarram na falta de tempo e dinheiro. Para apoiá-las nessa frente, Stella Artois se uniu à ONG Gastromotiva, organização que trabalha o alimento como uma ferramenta de transformação social, para criar um programa para atender até mil mulheres desenvolvendo suas habilidades socioemocionais que prepararão essa mulher para sua inclusão no mercado da gastronomia.
Com aulas online permitindo a adesão a partir de qualquer lugar, os cursos vão abranger o aprimoramento de conhecimentos diversos, com disciplinas como Economia Doméstica, Reaproveitamento de Alimentos e Educação Financeira, entre outras competências necessárias para sua atuação nesse mercado de trabalho. As inscrições serão abertas ainda neste ano e as aulas deverão acontecer em 2023. Já no campo da visibilidade e reconhecimento, o estudo aponta que um terço das participantes acredita que as mulheres não conseguem crescer na gastronomia porque não são ouvidas pelos chefes homens.
Cerca de três em cada dez profissionais mulheres na gastronomia também já sofreram discriminação de gênero ou pensaram em mudar de profissão por falta de oportunidade. O levantamento está em linha com outros dados: elas lideram 96% das cozinhas domésticas no Brasil (PNAD, 2019), mas apenas 7% das cozinhas profissionais nos restaurantes mais renomados do país (Chefs Pencil, 2022). Para dar mais visibilidade às mulheres na gastronomia, a cerveja da Ambev vai direcionar toda sua estrutura e os seus investimentos, como espaços de publicidade e conteúdos proprietários, para falar sobre as chefs e sobre o tema. Em todas as oportunidades de comunicação e de divulgação, tudo que seria de Stella agora passa a ser da causa.
Stella ainda criou uma experiência gastronômica chamada Uncomfortable Food, na qual os desconfortos vividos pelas mulheres na profissão são traduzidos em um menu autoral assinado 100% por chefs mulheres. Cada prato é uma reflexão sobre o cenário atual e um convite à mudança. A experiência foi criada com o apoio de profissionais referência no segmento, como Bela Gil, Kátia Barbosa, Andressa Cabral, Bel Coelho, Cafira Foz, Bruna Martins, Kalymaracaya Nogueira, Amanda Vasconcelos, Michele Crispim e Nara Amaral.
A chef Michele Crispim, natural de Palhoça, na Grande Florianópolis, trabalha há cinco anos na área, foi a partir de sua participação no MasterChef que ela mudou definitivamente de profissão e, desde então, tem a certeza de atuar com aquilo que ama. No prato que assina, a vivência de ser uma mulher negra no Brasil foi a grande inspiração. “Minha vida foi quebrar barreiras, entrar, estar e permanecer em lugares que teoricamente ‘não eram para mim’”, diz. “Já tive funcionários que se recusavam a aceitar as minhas determinações porque não estavam acostumados a receber ordem de uma mulher”.
Michele diz acreditar que, assim como em outras áreas, os homens também têm privilégios na cozinha: eles têm salários maiores, mais reconhecimento e mais oportunidades de crescimento. “Sempre tive a sensação de ter que ser melhor, mais forte e mostrar mais a minha capacidade para ser reconhecida. E mesmo assim diversas vezes fui desacreditada e desencorajada a seguir. Felizmente pra mim, desistir não é uma opção”, afirma.
Além delas, outras chefs de todo o país vão levar as releituras da pesquisa em formato de pratos para seus restaurantes, por meio de um circuito gastronômico. Com duração de um mês, cada estabelecimento terá uma data de início do novo prato no menu – para mais informações, basta consultar o site do projeto. O nome Uncomfortable Food foi criado em oposição à expressão “comfort food”, que é reconhecida na gastronomia para falar de comida aconchegante e de afeto. Esse tipo de comida normalmente é relacionado às mulheres, mas nas cozinhas profissionais, onde estão o lucro e a projeção de carreira, a figura do homem ainda prevalece. O projeto está em linha com o compromisso de Stella e Ambev, que trabalham pela equidade de gênero e no combate a questões como machismo, objetificação da mulher no universo cervejeiro, homofobia e racismo. Mais dados sobre o estudo, o movimento Juntas Na Mesa e as iniciativas de crédito, formação e a experiência gastronômica Uncomfortable Food estão em stellaartois.com.br/menu.
*Realizada pela Ipsos a pedido de Stella Artois, a pesquisa sobre equidade de gênero na gastronomia aconteceu durante o mês de agosto de 2022, abrangendo entrevistados em quatro blocos regionais do Brasil: Norte e Centro-Oeste (Belém, Brasília e Goiânia), Nordeste (Recife e Salvador), Sudeste (S. Paulo, R. de Janeiro e B. Horizonte) e Sul (Curitiba e Porto Alegre). Para a etapa quantitativa da pesquisa, a margem de erro é de 4,4 p.p. O levantamento foi dividido em duas etapas, cada uma delas entrevistando 500 pessoas – na primeira fase, foram entrevistados homens e mulheres responsáveis por estabelecimentos de alimentação, enquanto na segunda fase foram entrevistadas apenas mulheres que trabalham na área da gastronomia, em cargos diversos como proprietárias ou sócias, chefs e sous-chefs, cozinheiras e cozinheiras-chefe, auxiliares de cozinha, garçonetes, atendentes e operadoras de caixa.