Da primeira à sexta edição, a organização já registrou redução de mais de 90% do lixo gerado no evento, desde a montagem da estrutura até a entrega do terreno.
Reduzir, reciclar e reutilizar são premissas da gestão do ARVO, festival de música brasileira que realizou sua sexta edição nos dias 15 e 16 de abril, em Florianópolis. Celebrado por sua responsabilidade com o meio ambiente, o evento vem evoluindo a cada ano quando diz respeito à sustentabilidade. “Reduzimos em mais de 90% os resíduos gerados desde 2018 com estratégias de economia criativa. Para os resíduos orgânicos e descartáveis é feita a destinação correta, diminuindo os impactos ambientais. Estamos muito próximos de nos tornar um evento lixo-zero e isso nos enche de orgulho”, comemora Nathalia Possebon, fundadora e produtora da festa.
Depois de dois anos somente com eventos online, o retorno do ARVO ao ar livre foi um sucesso não só de público (6 mil pessoas) e qualidade musical, mas também em sustentabilidade. “Ficamos muito felizes com a resposta do público, que contribuiu com a separação dos recicláveis e bitucas de cigarro. É emocionante ver como nosso trabalho reverbera nas pessoas quando a mensagem é passada de forma estratégica e artística ao mesmo tempo”, comenta Sara Borém, engenheira sanitarista ambiental da empresa responsável pelos resíduos secos e óleo de cozinha. Foram coletados e destinados corretamente para a reciclagem: 96 quilos de alumínio, 63 quilos de plástico, 38 litros de óleo vegetal e 2,5 quilos de pontas de cigarro nos dois dias de shows.
Entre uma atração e outra, nos telões do festival, a geração de resíduos foi publicada de hora em hora, com o objetivo de conscientizar o público. “A pesagem simultânea nos ajuda a fazer uma cartografia do resíduo, de modo que possamos identificar de onde ele surge, para que nas próximas edições a gente possa reduzir ainda mais a produção de resíduos”, explica Sara. “O processo de conscientização é exponencial, porque estamos aplicando uma tecnologia, uma responsabilidade social e ambiental. E a partir do momento que a tecnologia é aplicada, ela pode ser replicada. Outros eventos podem olhar nosso exemplo, repetir e finalmente tornar uma prática unânime”, completa.
Quanto aos resíduos orgânicos, 172,30 quilos foram recolhidos pela Angatu, empresa que efetua a reciclagem de “tudo que um dia foi vivo”, segundo o fundador Caio Souza Pires. “Se tudo isso tivesse sido destinado a aterros sanitários poderia ter gerado chorume e metano, substâncias poluentes tanto para nossa atmosfera quanto para o solo ou nossas águas. Ao invés disso, por meio da compostagem, geramos 40 kg de adubo, um composto que pode ser utilizado para a produção de alimentos, fechando o ciclo da matéria orgânica, reduzindo substancialmente os impactos ambientais”, explica Caio.
Com o intuito de se tornar um evento lixo-zero, a organização planeja a cada ano novas ações para buscar esse objetivo. “Em 2022 conseguimos retirar totalmente a presença de vidro do evento, o que faz do ARVO um festival livre de garrafas”, conta Nathalia Possebon. Na Praça de Alimentação Consciente não entrou plástico – tudo foi servido em embalagens biodegradáveis, materiais que puderam ser compostados pela Angatu e voltaram à natureza, adubando hortas e jardins.
“Terminar o evento e olhar para o chão limpinho, sem nenhum lixo, deixando o espaço exatamente como a gente encontrou é incrível. Porque nosso público é feito de jovens brasileiros e acreditamos que eles sejam a transformação do mundo. Entendemos nosso papel como produtores de evento, como catalisadores de novas ideias e na formação de um público consciente, que acredita na música e na arte como poderosos agentes de transformação da sociedade”, comemora a produtora.
Sobre o ARVO
O festival que nasceu para transformar o comportamento e o consumo de música e cultura em Florianópolis. Com o DNA criativo pautado no Brasil de Norte a Sul, o ARVO 2022 pretendeu criar uma experiência que fosse capaz de reverberar a cultura brasileira – rica, diversa e inovadora. Este ano, com uma missão a mais e não menos importante: levantar o astral do público sedento por este reencontro após dois anos de espera.
O evento, pela primeira vez, contou com dois dias, 24 horas de shows, 12 bandas e 14 DJs de diversos estados do Brasil. Com essa festa “bem brasuca”, o ARVO reforça seu compromisso de preencher uma lacuna no cenário cultural catarinense, seguindo os moldes de importantes festivais nacionais e internacionais.
Neste retorno, mais de 20 atrações de todas as cinco regiões brasileiras subiram ao palco. Heavy Baile (RJ), Dona Onete (PA), Mariana Aydar (SP), Júlio Secchin (RJ) e Jean Tassy (DF) foram alguns dos grandes nomes a passarem por lá. Desde a primeira edição, a curadoria do ARVO é pautada pela diversidade de estilos, formando um time de artistas culturalmente abrangentes. Assim, o público pôde curtir sua banda preferida e também descobrir novas sonoridades, tornando o festival uma experiência ainda mais marcante.